Quando olhamos para a cultura brasileira, é impossível ignorar o encanto do nosso folclore.
As histórias da mula-sem-cabeça, do Curupira, do saci-pererê e tantos outros seres sempre fizeram parte do nosso imaginário coletivo. São narrativas ricas, simbólicas, cheias de raízes espirituais e da relação do povo com a natureza.
Mas ao lado desse encanto existe outro elemento: muitas das músicas e historinhas infantis carregam medo, ameaça e punição. O famoso “a cuca vai te pegar” não surgiu por acaso.
O Contraste que Molda Nossa Sensibilidade
Esse contraste abre uma reflexão importante.
Crescemos cercados tanto de beleza quanto de insegurança simbólica. E, em algum nível, isso molda a forma como sentimos o mundo.
É difícil esperar que alguém desenvolva amor-próprio sólido quando, desde cedo, convive com ausência, medo ou mensagens de abandono. A psicologia mostra que o ambiente emocional da infância deixa marcas profundas.
A Música que Consumimos e o Impacto Invisível
A música popular brasileira também acompanha esse fenômeno.
Parte das letras celebra um hedonismo vazio; outra parte normaliza traição, instabilidade e relações frágeis.
Não se trata de demonizar estilos ou ritmos.
Trata-se de reconhecer que palavras, frases repetidas, melodias e narrativas acabam influenciando nossa forma de pensar, amar e se relacionar.
Algumas tradições espirituais dizem que tudo vibra, tudo influencia. Mesmo sem ir tão longe, sabemos o suficiente: repetição gera condicionamento. Aquilo que alimenta a mente se reflete nos comportamentos.
A Metáfora da Semente
Por isso a metáfora da semente é tão poderosa.
Estamos sempre plantando:
• as histórias que contamos aos filhos
• as músicas que deixamos entrar no cotidiano
• os ambientes que escolhemos frequentar
• as ideias que aceitamos como verdades
Cada semente tem um fruto — inevitavelmente.
Não é uma questão de punição, mas de consciência.
A vida nos devolve aquilo que semeamos, de um jeito ou de outro.
O Que Estamos Cultivando?
Que tipo de sementes estamos lançando no próprio quintal?
Para onde levam os padrões que repetimos ao longo de anos e gerações?
Essa não é uma reflexão moralista.
É um convite à lucidez.
A vida — com suas leis visíveis e invisíveis — sempre cobra coerência entre o que se planta e o que se colhe.



De maneira inteligente, contribua com sua opinião nos comentários!